Controvérsia com a Prologis e os Impactos Ambientais na Raposo Tavares

Controvérsia com a Prologis e os Impactos Ambientais na Raposo Tavares

Data de Publicação: 25 de dezembro de 2024 11:26:00

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Controvérsia com a Prologis e os Impactos Ambientais na Raposo Tavares

 

Por Vinicius Mororó

No km 25,5 da Rodovia Raposo Tavares, a construção de um condomínio logístico pela multinacional Prologis transformou-se em um caso emblemático do esforço entre desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental. O empreendimento, que promete atrair investimentos e gerar empregos, enfrentou agora denúncias de desmatamento, inundações em áreas vizinhas e acusações de falta de transparência no processo de aprovação.

O Desmatamento e os Efeitos Colaterais

Desde o início das obras, moradores da região registrados têm sinais alarmantes de manipulação ambiental. Um crescimento que antes cobria parte do terreno foi retirado, e a nova dinâmica do solo contribuiu para inundações em propriedades vizinhas durante as chuvas de dezembro. “Minha casa nunca tinha sido atingida pela água dessa forma. Agora, toda vez que chove, fico em pânico”, desabafou Patrícia Silva, moradora de um condomínio próximo.

O cenário levou grupos ambientalistas e associações de moradores a se mobilizarem contra o empreendimento. Alegam que a construção avançou sem um estudo ambiental detalhado e que a licença para a obra foi concedida sem consulta adequada à comunidade local.

A Intervenção Judicial e os Questionamentos ao Zoneamento

Diante das denúncias, a Justiça determinou o embargo da obra em caráter liminar. A decisão veio acompanhada de um pedido para que a Prefeitura de Cotia e a Câmara Municipal apresentassem os documentos relacionados à mudança de zoneamento que permitiu o projeto.

As investigações apontam que, em 2021, o terreno passou de uma zona predominantemente residencial para uma área destinada a empreendimentos logísticos, o que abriu caminho para a chegada da Prologis. No entanto, os críticos questionaram se o processo afetou os trâmites legais e se houve debate público adequado. “É inaceitável que decisões tão impactantes sejam tomadas sem diálogo com quem será afetado diretamente”, declarou Ricardo Oliveira, advogado e representante de um grupo de moradores.

A Defesa da Prologis e a Posição do Poder Público

Procurada para comentar, a Prologis afirmou que todas as etapas do projeto seguiram as normas legais e que o empreendimento incluirá medidas de compensação ambiental, como o plantio de árvores em áreas próximas. Em nota, a empresa destacou seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e reforçou que está disposta a colaborar com as autoridades para esclarecer qualquer dúvida.

A prefeitura de Cotia, por sua vez, adotou uma postura cautelosa. Embora tenha afirmado que as mudanças no zoneamento foram aprovadas em conformidade com o regimento interno, ainda não foram apresentados os documentos solicitados pela Justiça. A Câmara Municipal também enfrentou pressão para esclarecer sua participação no processo.

A Linha Tenue Entre Desenvolvimento e Sustentabilidade

O caso Prologis levanta questões fundamentais sobre o modelo de desenvolvimento urbano adotado em Cotia e nas cidades vizinhas. Por um lado, há a necessidade de fomentar o crescimento econômico e atrair investimentos. Por outro lado, a preservação ambiental e a qualidade de vida dos moradores não podem ser colocadas em segundo plano.

Para urbanistas, o episódio é um exemplo clássico de falta de planejamento integrado. “É possível conciliar empreendimentos logísticos com sustentabilidade, mas isso exige transparência, estudos de impacto sociedade bem modificados e diálogo com a sustentabilidade”, afirmou a especialista em planejamento urbano Mariana Ribeiro.

Uma História em Construção

Com o processo judicial em andamento e os ânimos exaltados na comunidade, o futuro do empreendimento da Prologis é incerto. O que parece certo é que o caso servirá como um divisor de águas para discussões sobre zoneamento, impacto ambiental e governança em Cotia.

Entre promessas de progresso e alertas de devastação, a Raposo Tavares se torna, mais uma vez, palco de um debate que ultrapassa os limites da rodovia e ecoa por toda a região metropolitana.

 

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