✍ Por Pâmela Mello
A Inquisição foi extinta em 31 de Março de 1821, em Portugal, mas as mulheres não deixaram de ser perseguidas, massacradas, violadas, silenciadas. O apagamento histórico feminino continua a ser perpetuado por séculos e hoje em 2025, seguimos no retrocesso do que é respeito e igualdade em direitos das mulheres.
Eu provarei em um recorte demasiadamente simples usando a política de Cotia (Cidade do Estado de São Paulo), vamos lá!
Há 40 anos a Cidade não elege uma vereadora, dando um show de antidemocracia, com episódios recorrentes de violência política de gênero e opressão, inúmeros processos por candidaturas femininas fantasmas e resultados nas urnas que comprovam a hegemonia do machismo.
Cada vez que uma mulher se destaca no âmbito político é atacada com imensa severidade pela covardia coletiva de homens que tem medo de perder seus lugares para elas… mais preparadas, mais competentes, mais honestas, mais aguerridas e que não darão nem um passo atrás. A manutenção da inutilidade nos cargos públicos perpetuados por homens quando ameaçada, precede atos desesperados e uma imensa força que jamais fora usada pelo povo, quem nunca ouviu dos mais antigos o ditado: “O vício do cachimbo deixa a boca torta.” Como eu disse, é extremamente simples de entender.
A Cidade vive uma onda de mulheres empoderadas em cargos Públicos de destaque, recusando a se dobrar aos velhos costumes impostos pelo Patriarcado, provocando a fúria de políticos misóginos, que se organizam como um bando de hienas: muito barulho para pouco resultado, estratégias vis que tem como objetivo isolar e encurralar suas presas, as que consideram mais fracas para que assim consigam aniquilá-las.
Em uma armadilha sem a divulgação da pauta, mas a atitude ‘Santa” em começar a sessão com citações da Bíblia. A Inquisição em Cotia permanece sob o Comando de homens que odeiam mulheres, assim como em 1233.
Nos primeiros dias deste ano tivemos vereador fazendo vídeo em frente a Secretaria da Mulher. Ele fala por nós? Somos incapazes de reivindicar nossos direitos? Logo após outro vereador com vídeos consecutivos em suas redes sociais, para questionar a competência e atacar outra secretária, culminando com uma sessão desastrosa na Câmara de vereadores, violência política de gênero neste País é crime. Não, não estamos mais na Idade Média, nós temos direitos assegurados por lei. O questionamento que ecoa na Cidade é: Porque os nobres edis não usam toda essa disposição para atuarem pela Cidade impactando positivamente a vida da população Cotiana?
Precisamos distinguir o Nobre do ignóbil na política desta Cidade de uma vez por todas. Tentar diminuir uma mulher a chamando de menina, é ignóbil. Expor mulheres que exercem cargos públicos, por gênero é ignóbil. Machismo, misoginia, violência… ignóbil.
Pra encerrar, irei chamar à reflexão as mulheres da Cidade, principalmente as que praticam um silêncio ensurdecedor mediante a opressão de suas semelhantes. Não perpetuem a ilusão que vocês serão aceitas em meio as hienas, sejam as leoas que as que vieram antes de nós deram suas lágrimas, sangue e suor para que hoje possamos ser, uma leoa é capaz de lutar sozinha contra algumas hienas, mas todas as leoas juntas as fazem recuar e se deslocar para quilômetros de distância, por medo.
Deixo a frase da nossa Gigantesca Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.”
Pâmela Mello PRESENTE!
3 comentários em “A Inquisição em Cotia não acabou e permanece “Santa””
Cotia é um reduto do atraso político.
Velhos ‘ coronéis” financiados não sei bem por quem comandam a cidade há mais de 40 anos.
Não me calo e chamo a todas para bradarem alto e bom som a misoginia e violência de gênero que presenciamos por aqui.
Perfeitas colocações e de forma cirúrgica! Precisamos sim nos unir, nos mover e agir em bloco para que a potência da força feminina seja respeitada.
Vamos lutar todas juntas com força total contra esse machismo barato contra nós.
Seremos verdadeiras fiscais com força de leoas nesse governo do amor ❤️. Não aceitamos ser diminuídas também somos muito competentes.