✍ Por Vinicius Mororó
A crescente preocupação com o impacto da tecnologia, especialmente dos celulares, na vida dos estudantes tem gerado discussões em diversas partes do mundo. Recentemente, o estado de São Paulo adotou a medida de proibição do uso de celulares nas escolas, enquanto em Córdoba, na Argentina, uma iniciativa pioneira busca adiar o uso de smartphones até os 16 anos. Neste artigo, vamos comparar essas duas abordagens e analisar os potenciais benefícios e desafios dessas medidas para a saúde mental e o desenvolvimento educacional dos alunos.
A Proibição do Uso de Celulares nas Escolas em São Paulo
Em 2024, o estado de São Paulo implantou uma lei que proíbe o uso de celulares nas escolas estaduais. A medida visa combater as distrações durante as aulas, melhorar o foco dos estudantes e reduzir os casos de bullying digital e cyberbullying, além de proteger os alunos dos riscos associados ao uso excessivo de tecnologia. A lei se aplica tanto ao ensino fundamental quanto ao ensino médio e busca garantir que os alunos se concentrem mais nas atividades escolares e interações sociais presenciais.
Principais Objetivos:
- Prevenir distrações em sala de aula.
- Combater o bullying digital.
- Proteger a saúde mental dos alunos.
- Fomentar a interação social sem a interferência de dispositivos móveis.
A Iniciativa de Córdoba: Atrasando a Era do Uso de Celulares
Por outro lado, em Córdoba, Argentina, a Associação de Familiares de Estudantes (AFA) da escola pública López Diéguez tomou a dianteira e promoveu uma campanha para adiar o uso de smartphones com acesso à internet até os 16 anos. A proposta não é uma proibição, mas sim um “grande pacto” entre as famílias, no qual os pais se comprometem a não permitir que seus filhos menores de 16 anos usem celulares.
Objetivos da Iniciativa:
- Adiar a exposição dos adolescentes aos riscos associados ao uso precoce de celulares.
- Promover a educação sobre o uso adequado da tecnologia.
- Reduzir os impactos negativos na saúde mental e bem-estar dos jovens.
Embora a proposta de Córdoba se concentre em um compromisso voluntário das famílias, o estado de São Paulo adotou uma abordagem mais rígida com a imposição de uma lei estadual.
Leia mais sobre a iniciativa de Córdoba aqui.
Comparação: São Paulo e Córdoba
1. Objetivos e Enfoque
Ambas as iniciativas buscam reduzir os impactos negativos do uso de celulares entre estudantes, mas enquanto a medida em São Paulo é uma política pública obrigatória para as escolas estaduais, a de Córdoba depende da adesão voluntária das famílias. A principal diferença é que em São Paulo a proibição é imposta pelas autoridades estaduais, enquanto em Córdoba, a ideia é um pacto entre as famílias, com o apoio da escola.
2. Foco na Saúde Mental
As preocupações com os impactos na saúde mental, como o aumento da ansiedade e da depressão entre jovens devido ao uso excessivo de redes sociais e celular, são um ponto comum nas duas abordagens. São Paulo visa reduzir as distrações em sala de aula, enquanto Córdoba foca no adiamento do uso de dispositivos móveis, buscando proteger os jovens da exposição precoce.
3. Educação Digital
São Paulo não especifica estratégias educacionais sobre o uso responsável da tecnologia, enquanto a iniciativa de Córdoba envolve um compromisso contínuo de educar as famílias sobre o uso saudável da tecnologia. Esta abordagem busca sensibilizar os pais para a importância de educar os filhos sobre a internet e suas armadilhas.
Desafios e Potenciais
São Paulo:
- Desafios: A proibição do uso de celulares pode ser vista como uma restrição, limitando a liberdade dos estudantes e o uso de tecnologias que poderiam ser úteis na educação. A fiscalização também pode ser um desafio, já que muitos alunos tentam burlar a regra.
- Potenciais: A medida tem o potencial de melhorar o foco dos estudantes e promover interações sociais mais saudáveis, além de proteger contra a exposição excessiva ao ambiente online.
Córdoba:
- Desafios: A adesão voluntária pode ser difícil, especialmente para as famílias com filhos mais velhos que já estão habituados ao uso de smartphones. Além disso, a falta de regulamentação formal pode dificultar a implementação consistente.
- Potenciais: A iniciativa de Córdoba permite uma abordagem mais flexível e personalizada, considerando as diferentes realidades de cada família, com o objetivo de educar sobre o uso responsável da tecnologia.
Conclusão
Ambas as abordagens – a proibição do uso de celulares nas escolas em São Paulo e o pacto de adiar o uso de celulares em Córdoba – têm seus méritos, focando na proteção da saúde mental e no bem-estar dos alunos. Enquanto São Paulo adota uma medida mais rígida e regulamentada, Córdoba aposta em um pacto voluntário com as famílias, com ênfase na educação digital. O sucesso dessas iniciativas dependerá da continuidade dos esforços de conscientização e do compromisso de toda a comunidade escolar e familiar.