O crime ambiental se revela como um complexo ecossistema de atividades ilegais interconectadas, envolvendo muito mais do que o desmatamento isolado. A constatação é resultado de pesquisa realizada pelo Instituto Igarapé, que identificou uma extensa rede de práticas criminosas associadas à degradação ambiental.
Melina Risso, diretora de pesquisa do Instituto Igarapé, cita como exemplo a mineração ilegal. Este conjunto de atividades criminosas representa atualmente a terceira maior economia ilegal no mundo.
“O Instituto Igarapé tem mostrado que o crime ambiental não é isolado, é um ecossistema, são muitas condutas ilegais conectadas”, explica Risso. “Fraude, lavagem de dinheiro, violência, corrupção”.
Impacto da mineração ilegal
“Hoje a principal causa de desmatamento dos territórios indígenas, das unidades de conservação integral, é a mineração ilegal”, relta a pesquisadora. O processo deixa um rastro de destruição que vai além do desmatamento, incluindo a contaminação por mercúrio, que afeta diretamente a segurança alimentar das comunidades locais que dependem da pesca para sobrevivência.
Para enfrentar essa problemática, são necessárias não apenas operações pontuais, mas principalmente investigações aprofundadas visando desmantelar as estruturas criminosas. A complexidade desses crimes exige uma abordagem sistêmica e integrada, considerando seus múltiplos aspectos e impactos na sociedade e no meio ambiente. “Precisamos tratar o crime ambiental com a devida gravidade”, defend Risso.