Concessões na Nova Raposo, Rota Sorocabana e Rodoanel Norte consolidam avanço de modelo eletrônico de cobrança; críticos apontam concentração de contratos e falta de transparência
✍ Por Vinicius Mororó – Jornalista Atípico
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem intensificado o modelo de concessão de rodovias com cobrança eletrônica de pedágio por pórticos o chamado sistema “free flow”. Desde 2023, seu governo tem promovido concessões milionárias que incluem instalação de dezenas de pontos de cobrança, o que reacende o debate público sobre custo-benefício, falta de licitação competitiva e possível concentração de contratos nas mãos de grandes grupos privados.
As medidas seguem a linha de atuação do governador ainda como Ministro da Infraestrutura (2019–2022), quando já defendia o modelo de concessões com tarifas dinâmicas.
📍 FASE ESTADUAL: AVANÇO DO FREE FLOW NAS RODOVIAS PAULISTAS
Desde que assumiu o governo estadual, Tarcísio já promoveu ou iniciou ao menos três grandes concessões de rodovias com implementação do modelo “free flow”:
▪ Nova Raposo (Rodovia Raposo Tavares)
- Concessão firmada com previsão de instalação de pórticos eletrônicos, substituindo antigas praças de pedágio.
- Extensão: 213 km entre São Paulo, Cotia, Sorocaba e outras cidades.
- Previsão de investimento: R$ 7,3 bilhões.
- Fonte oficial: Parcerias SP – Nova Raposo
▪ Rota Sorocabana
- Novo pacote de concessão que inclui trechos das SP-270, SP-280 e SP-75.
- Serão 442 km de rodovias concedidas com modelo “free flow” já previsto.
- Status: edital publicado em setembro de 2025.
- Fonte: Governo SP – edital publicado
▪ Rodoanel Norte
- Obra que estava paralisada há anos.
- Concedida em 2023, também no modelo de pedágio eletrônico.
- Fonte: Parcerias SP – Rodoanel Norte
🏛️ FASE FEDERAL: BASE DA POLÍTICA EM CONCESSÕES
Durante sua gestão como ministro da Infraestrutura (2019–2022), Tarcísio de Freitas foi um dos principais articuladores da nova concessão das rodovias Presidente Dutra (BR-116) e Rio-Santos (BR-101), ambas operadas pelo Grupo CCR. O novo contrato, assinado em 2022, tem validade de 30 anos e prevê um investimento total de R$ 14,8 bilhões ao longo da concessão.
A operação foi considerada um marco da política federal de infraestrutura, com destaque para a introdução do sistema “free flow” (pedágio por livre passagem) em trechos selecionados da Rio-Santos, sendo uma das primeiras concessões federais a prever esse modelo no Brasil.
O contrato também incluiu a ampliação da malha rodoviária concedida, sem a criação de novas praças de pedágio tradicionais, mas com a modernização do sistema de cobrança. A medida foi defendida pelo então ministro como um avanço tecnológico e de fluidez viária. Contudo, especialistas e usuários apontaram que, apesar da promessa de tarifas mais justas, o modelo poderia tornar os custos menos transparentes para o usuário comum.
📄 Fonte oficial:
Gov.br – Dutra e Rio-Santos passam para iniciativa privada com nova concessão e modelo de pedágio por livre passagem (free flow)
💬 CONTROVÉRSIA E CRÍTICAS AO MODELO
Especialistas e representantes da sociedade civil apontam riscos no modelo adotado por Tarcísio:
- Concentração de contratos em poucos grupos privados;
- Aumento do número de pontos de cobrança, mesmo com tarifas individualmente menores;
- Baixa participação popular nos processos de consulta pública;
- Falta de clareza sobre o valor efetivo da tarifa paga por trecho percorrido.
Alguns movimentos sociais e deputados estaduais classificaram o sistema como um “modelo regressivo” que penaliza o trabalhador pendular, especialmente na região metropolitana.
FREE FLOW: O QUE É?
O “free flow” é um modelo de cobrança automática por pórticos com sensores, que eliminam a necessidade de praças de pedágio. Os veículos são identificados por tags ou placas, e o valor é debitado automaticamente. Se, por um lado, o sistema promete fluidez e modernização, por outro, especialistas alertam que a multiplicação dos pontos de cobrança pode encarecer o trajeto e dificultar o controle social.
SEM EXAGERO: COMO O JORNAL TRATA O ASSUNTO
Apesar de críticas populares chamarem o sistema de “máfia dos pedágios”, o Jornal Impacto Cotia opta por não adotar esse termo, a fim de manter responsabilidade legal e ética. Nossa cobertura prioriza fatos confirmados, links públicos e transparência documental.
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