Nísia Trindade Lima

Nísia Verônica Trindade Lima (Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 1958) é uma cientista social, socióloga, pesquisadora e professora universitária brasileira, atual ministra da Saúde do Brasil no governo Lula. Foi presidente da Fundação Oswaldo Cruz entre 2017 e 2022.

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Biografia: Nísia Trindade Lima

Nísia nasceu no Rio de Janeiro, em 1958, crescendo no bairro do Flamengo. Filha de Nivaldo de Assis Lima, seu pai foi responsável por lhe contar as primeiras histórias sobre o Brasil, sobre sua literatura e potencial da mesma para a transformação social. Por inspiração de uma professora de sociologia durante o ensino médio, Nísia decidiu cursar Ciências Sociais, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em 1976.

Envolvida, na graduação, ao movimento estudantil pró-democracia, participou da construção do centro acadêmico de Ciências Humanas da universidade. Ao se formar, ingressou como professora na rede estadual e particular da cidade. Em 1982, iniciou o mestrado em Ciência Política no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), o atual Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ, com a dissertação "O Movimento de Favelados do Rio de Janeiro: Políticas do Estado e Lutas Sociais'.

Ainda na elaboração de sua dissertação, ingressou, em 1987, como pesquisadora na Casa de Oswaldo Cruz (COC), cuja missão é a pesquisa histórica sobre as ciências e a saúde e como elas são fundamentais para a reflexão crítica sobre a sociedade brasileira. Em 1992, deu início ao doutorado, também na IUPERJ. Defendida, em 1997, a tese 'Um Sertão Chamado Brasil ganhou o Prêmio de Melhor Tese de Doutorado em Sociologia no IUPERJ e foi publicada em livro pela editora da instituição, com uma segunda edição publicada pela Hucitec, em 2013.

Foi chefe do departamento de pesquisa da COC (1989–1991), vice-diretora (1992–1994) e diretora da unidade entre 1998 e 2005. Foi membro da equipe de elaboração do projeto do Museu da Vida, inaugurado, em 1999. Em 2000, recebeu a Medalha do Centenário da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Como diretora da COC criou o Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde (PPGHCS), em 2000.

Em dezembro de 2020, foi eleita membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) na categoria Ciências Sociais. Em 1º de janeiro de 2022, ela se tornou membro da Academia Mundial de Ciências (TWAS)[7] para o avanço da ciência nos países em desenvolvimento.

Carreira acadêmica

Como pesquisadora de produtividade de nível superior do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Nísia Trindade Lima é reconhecida tanto pela produção científica quanto pelas ações para aprimorar o diálogo entre ciência e sociedade. É referência na área de pensamento social brasileiro, história das ciências e saúde pública. Lecionou e orientou gerações de alunos em todos os níveis de formação, do ensino básico ao pós-doutorado, como docente na Uerj e na Fiocruz. É autora de dezenas de artigos, livros e capítulos com reflexões sobre os dilemas da sociedade nacional, sobretudo as cisões entre os Brasis urbano e rural, moderno e atrasado. No campo das ciências sociais vem contribuindo através de diferentes iniciativas para o fortalecimento das ações de pesquisa e ensino. Uma de suas realizações foi a criação da Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS), em colaboração com a UFRJ e rede de instituições. Participa dos conselhos editoriais dos periódicos: Revista da Sociedade Brasileira de História da Ciência; História, Ciências, Saúde-Manguinhos; Caderno de História da Ciência-Instituto Butantan; Escritos da Fundação Casa de Rui Barbosa; Medical History.

Outra marca da trajetória de Trindade é o trabalho interdisciplinar em acordos de cooperação internacional. Organizou na instituição as comemorações do centenário da Fiocruz e dos 500 anos do descobrimento do Brasil (2000). Entre 2004-2005, coordenou na Fiocruz o Ano do Brasil na França em colaboração com instituições como EHESS, Instituto Pasteur, Inserm e CNRS. Em 2005, tornou-se membro dos comitês científico e executivo do 4º Congresso Mundial de Centros de Ciências - 4SCWC, sediado pelo Museu da Vida e Fiocruz. Em 2009 integrou a comissão organizadora das Comemorações do Centenário da descoberta da doença de Chagas. Como presidente da Fiocruz, ela participou da proposta feita pelo Brasil à OMS em 2019 para declarar o dia 14 de abril como o Dia Mundial da Doença de Chagas, uma das principais doenças negligenciadas no mundo.

Primeira mulher a presidir a Fiocruz

Primeira mulher a comandar a Fundação Oswaldo Cruz em 120 anos de história da instituição, assumiu a direção da instituição em 4 de janeiro de 2017, tendo sido a mais votada na eleição interna. Durante seu mandato, esteve comprometida com a expansão do papel da Fiocruz na comunidade global de saúde. Participou de programas e redes internacionais nas áreas de História da Ciência e História da Saúde. Coordenou a Rede Zika Ciências Sociais, que é parte da Zika Alliance Network (2018), um consórcio de pesquisa multinacional e multidisciplinar formado por 54 parceiros em todo o mundo. Foi membro do grupo de trabalho de Plano de Ação Global da OMS (2018), que tem como objetivo otimizar a pesquisa global para os sistemas de saúde dos países, e do grupo consultivo da OMS para a implementação da Agenda 2030 (2019). Foi membro do Comitê Diretor Internacional para supervisionar e facilitar a implementação da Cúpula de Nairóbi sobre a CIPD25 e assumiu a Copresidencia da Rede de Saúde para Todos da UNSDSN em 2019.

Atuação na pandemia

Durante sua gestão, liderou as ações da Fiocruz no enfrentamento da pandemia de COVID-19 no Brasil. Dentre as iniciativas, estão? a criação um novo Centro Hospitalar no campus de Manguinhos; coordenação no país do ensaio clínico Solidarity da Organização Mundial da Saúde (OMS); aumento da capacidade nacional de produção de kits de diagnóstico e processamento de resultados de testagens; organização de ações emergenciais junto a populações vulneráveis; oferta de cursos virtuais, para profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), de manejo clínico e atenção hospitalar para pacientes de COVID-19; lançamento de manual de biossegurança em escolas; e a Fiocruz tornou-se laboratório de referência para a OMS em COVID-19 nas Américas.

Foi responsável pela criação do Observatório COVID-19, rede transdisciplinar que realiza pesquisas e sistematiza dados epidemiológicos; monitora e divulga informações, para subsidiar políticas públicas, sobre a circulação do novo coronavírus e seus impactos sociais em diferentes regiões no Brasil.

Coordenou o acordo de encomenda tecnológica na articulação com o Ministério da Saúde do Brasil, a Universidade de Oxford, a farmacêutica AstraZeneca e as unidades de produção locais, para a realização dos testes clínicos, registro sanitário e a produção de milhões de doses da vacina contra a COVID-19 da AstraZeneca-Oxford no Brasil.

Em 11 de janeiro de 2021, foi reconduzida ao cargo de presidente da Fiocruz, após ter sido votada em eleição interna, na qual recebeu 87 por cento dos votos válidos.

Em 1 de setembro de 2021, foi condecorada com o grau de Cavaleira da Ordem Nacional da Legião de Honra (Ordre National de la Légion d'Honneur), da França, em reconhecimento à atuação da presidente da Fundação nas áreas da Ciência e da Saúde, em particular pelas ações da instituição no enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Reconhecimento nacional e internacional

Em setembro de 2021, ela se tornou membro independente do Conselho da Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (CEPI). Foi também agraciada com o grau de Cavaleira da Ordem Nacional da Legião de Honra da França, oferecido pelo governo da França, em reconhecimento ao trabalho nas áreas da ciência e da saúde e pelos serviços prestados à sociedade em resposta à pandemia de Covid-19. Em novembro de 2022 recebeu o Prêmio Regional da TWAS para Diplomacia Científica, que homenageia indivíduos que tenham atuado em projetos de pesquisa transfronteiriços que contribuíram para a melhoria das relações internacionais.

Recebeu também as seguintes Medalhas de Mérito: Oswaldo Cruz do Ministério da Saúde (2018); Academia Brasileira de Medicina Militar (2018); Academia Brasileira de Ciências Farmacêuticas (2018); Rui Barbosa (2016); Euclides da Cunha (2008); 110 anos da Academia Brasileira de Letras (2007); e Centenário da Fiocruz (2000); Doutor Honoris Causa pela UFRJ; Carioca do Ano pela Revista Veja (2020); Prêmio Personalidade França-Brasil; Prêmio Personalidade Profissional; II Prêmio EMERJ de Direitos Humanos; Medalha Tiradentes (2021); e Comenda Celso Furtado (2022).

Ministério da Saúde

A primeira-dama Janja, Presidente Lula e a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante Ato de lançamento da Mobilização Nacional pela Vacinação. Centro de Saúde nº 1 - Guará - DF.

Em 22 de dezembro de 2022, foi anunciada, pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, para ocupar o cargo de ministra da Saúde, a partir de 1 de janeiro de 2023. Será também, desta forma, a primeira mulher a ocupar o cargo na história do Ministério. A escolha foi elogiada pelo diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, tanto em entrevista coletiva à imprensa, quanto no perfil oficial mantido por ele no Twitter

Ao assumir oficialmente a pasta em 02 de janeiro, a ministra afirmou, que sua gestão à frente da Saúde seria pautada e pelo diálogo com a comunidade científica. Também anunciou a revogação de decretos e normativas do Governo Bolsonaro que, segundo ela, ofendem a ciência, os Direitos Humanos e os direitos reprodutivos.

Crise Humanitária na terra Yanomami

Em 22 de janeiro de 2023, a ministra Nísia Trindade decretou estado de emergência em Saúde Pública na terra indígena Yanomami, localizada no estado de Roraima, por conta da morte de crianças por desnutrição. A medida foi tomada após uma visita da ministra e do Presidente Lula à reserva indígena, na ocasião, ambos afirmaram haver suspeitas de omissão do governo anterior em relação aos povos indígenas yanomami.

 

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Imagem da Galeria Nísia Verônica Trindade Lima em 2022.
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