Prática sexual entre adolescentes escancara a ausência de diálogo sobre limites, afetividade e orientação. Gravidez de menina de 13 anos alerta país sobre o papel negligenciado de famílias, escolas, Estado e profissionais da saúde mental.
✍ Por Vinicius Mororó – Jornalista Atípico
No centro de uma história que ganhou o noticiário e provocou um choque coletivo, está uma adolescente de 13 anos. Ela está grávida. E não sabe quem é o pai da criança.
A menina participou de um desafio chamado “Roleta-Russa do Sexo”, uma prática que consiste em relações íntimas entre adolescentes, sem proteção, sem supervisão, e sem qualquer entendimento maduro sobre o próprio corpo ou as consequências da ação. A denúncia foi feita pela psicanalista Andrea Vermont, durante uma entrevista ao podcast 3 Irmãos.
Embora o local do episódio não tenha sido revelado, Vermont declarou que se tratava de uma escola particular com mensalidade alta, desmontando a ideia de que a exposição à sexualidade precoce esteja restrita a determinados perfis sociais. O que une todas as camadas, segundo ela, é a ausência de escuta, presença e orientação.
“O problema não é financeiro. É educacional e emocional. Os pais se ausentam, as escolas silenciam e os jovens experimentam o pior da sexualidade: a violência travestida de desafio”, disse Vermont.
❗ Quando o “não falar” vira uma forma de abandono
Enquanto adolescentes buscam validação em redes sociais e em jogos de risco como esse, famílias e instituições ainda se mantêm reféns do tabu que paralisa qualquer conversa sobre sexualidade.
É a falta de diálogo em casa, a ausência de conteúdo nas escolas e o medo dos adultos de nomear o que é real. E, no vácuo da orientação, entra a internet pronta para ensinar tudo do pior jeito possível.
📉 A falência das referências: o corpo como desafio, não como afeto
Em um cenário onde o diálogo sobre sexualidade é evitado ou negligenciado, o que resta aos adolescentes é a performance. A sexualidade, sem mediação adequada, sem espaço para reflexão ou acolhimento, se transforma em um ato feito para ser visto, validado ou aceito e não para ser compreendido, sentido ou respeitado.
Na ausência de orientação emocional e social, muitos adolescentes acabam repetindo comportamentos que não dialogam com sua maturidade ou segurança, mas sim com pressões externas e a urgência de pertencimento a grupos. É nesse contexto que práticas perigosas se manifestam com força, muitas vezes disfarçadas de brincadeiras ou desafios.
⚠️ O que se sabe com certeza?
• A adolescente participou do desafio conhecido como “roleta-russa do sexo”.
• A prática envolveu múltiplos garotos, sem preservativo ou consentimento validado.
• A menina engravidou e não sabe quem é o pai.
• O caso foi relatado publicamente pela psicanalista Andrea Vermont.
• A escola não foi identificada, mas, segundo Vermont, é de alto padrão financeiro.
🧠 A quem cabe a responsabilidade?
🧩 Aos pais:
É preciso superar o desconforto e estabelecer o diálogo. Educação sexual não é ensinar a fazer sexo. É ensinar a reconhecer o próprio corpo, a estabelecer limites e a identificar abusos.
🧩 Às escolas:
O medo político de abordar educação sexual não pode ser maior do que a responsabilidade pedagógica de formar cidadãos conscientes.
🧩 Ao Estado:
Programas de saúde e educação devem sair do papel e chegar à prática diária. Equipar professores e oferecer formações continuadas é dever institucional, não um favor.
🧩 Aos profissionais da psicologia:
Devem ser protagonistas na formação de redes de escuta, acolhimento e orientação nas escolas e comunidades. A saúde mental é um pilar da sexualidade saudável.
📢 O que este caso nos ensina?
Que a omissão mata, o silêncio adoece e a ausência custa caro.
Uma menina de 13 anos engravidou não porque era rebelde, promíscua ou imprudente. Ela engravidou porque ninguém a ensinou a se proteger emocionalmente, fisicamente e socialmente.
E enquanto pais, educadores e autoridades discutem se é cedo para falar de sexo, adolescentes estão aprendendo sozinhos e pagando o preço.
📞 Onde buscar ajuda?
📞 Disque 100 – Violação de Direitos Humanos
📞 Conselhos Tutelares locais
📞 Delegacias da Mulher e da Infância
📧 Unidades Básicas de Saúde com psicólogos e orientação sexual
📎 Fontes confirmadas:
• Entrevista de Andrea Vermont no podcast 3 Irmãos
• Reportagens: ND+ Santa Catarina, O Tempo, Pleno.News
• Códigos legais: Art. 217-A do Código Penal (Estupro de Vulnerável)