Eleições 2024: A Batalha Desigual das Mulheres na Política Brasileira
Data de Publicação: 8 de outubro de 2024 10:29:00 A pergunta que ecoa em diversas regiões do Brasil é clara: como garantir uma disputa justa quando as mulheres não têm acesso aos mesmos recursos que os homens?
Eleições 2024: A Batalha Desigual das Mulheres na Política Brasileira
Por Vinicius Mororó
As eleições de 2024 revelam, mais uma vez, um cenário de disputa política profundamente marcado por desigualdades de gênero. Apesar dos avanços aparentes e das cotas determinadas pela legislação, a realidade é que as mulheres enfrentam uma batalha árdua e desigual na corrida eleitoral. A promessa de 30% das candidaturas femininas e uma distribuição proporcional de recursos do fundo eleitoral é, na prática, uma utopia ainda distante para muitas candidaturas que veem suas campanhas minguarem diante da falta de apoio financeiro e estrutural.
A pergunta que ecoa em diversas regiões do Brasil é clara: como garantir uma disputa justa quando as mulheres não têm acesso aos mesmos recursos que os homens?
Historicamente, o poder político no Brasil tem sido um espaço prioritariamente masculino, construído sobre uma cultura patriarcal que se reflete diretamente no cenário eleitoral. Mesmo com as conquistas da legislação, os partidos políticos ainda têm preferência por investir em candidatos homens, aqueles que já possuem visibilidade, influência e, acima de tudo, poder econômico. A lógica do mercado político é simples: apostar em quem já é conhecido, em quem já tem um histórico eleitoral, e, por consequência, em quem já tem poder. Isso coloca as mulheres em uma posição de fragilidade desde o início, como manobra dentro dos partidos e como peças secundárias nas grandes estratégias eleitorais.
O fundo eleitoral, um dos principais instrumentos para equilibrar as chances dos candidatos com diferentes perfis, deveria ser uma ferramenta de justiça para a inclusão feminina. No entanto, a distribuição dos recursos ainda é feita de maneira desigual, com o dinheiro muitas vezes direcionado para candidaturas que já possuem estrutura, deixando as mulheres lutando com o que sobra, quando sobra. As candidaturas femininas, por sua vez, ficam com menos recursos para contratação de equipes, produção de material de campanha e até para presença nas mídias sociais, fundamentais em uma era de comunicação digital.
E não é só o dinheiro que falta. Falta também tempo de mídia, apoio logístico, e uma estrutura que favoreça as candidaturas mulheres. O ambiente político brasileiro é agressivo, e, em muitos casos, as mulheres enfrentam ataques pessoais, difamação e até violência de gênero, simplesmente por ousarem ocupar um espaço que as tradições não pertencem. Os exemplos são consideráveis ??e escandalosos, mas não surpreendem em um sistema que ainda vê o poder como um espaço restrito dos homens.
Ao mesmo tempo, as mulheres que ousam desafiar esse sistema frequentemente se veem submetidas a uma armadilha: são cobradas a serem candidatas, mas são deixadas de lado no momento da distribuição dos recursos e do apoio real. São empurradas para disputas desiguais, onde preciso fazer mais com as ferramentas que tem em mãos.
Este cenário revela a urgência de uma transformação mais profunda, que vai além das cotas e da legislação. É precisa uma mudança cultural e estrutural no modo como os partidos políticos operam. O Brasil só terá uma democracia verdadeiramente representativa quando as mulheres puderem disputar eleições com os mesmos recursos e condições que os homens, sem precisarem lutar em desvantagem desde o primeiro dia de campanha.
O futuro da política brasileira depende da inclusão real das mulheres nos espaços de poder. Enquanto a batalha for desigual, estaremos longe de uma democracia justa.
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