Carlos Lupi: uma voz firme contra cortes na Previdência
Data de Publicação: 7 de novembro de 2024 21:08:00 Lupi sabe o peso de suas palavras e o impacto de sua postura pública. Em tempos de incertezas e desafios econômicos, ele se apresenta como a voz dos que mais dependem da Previdência.
Carlos Lupi: uma voz firme contra cortes na Previdência
Por Vinicius Mororó
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, é um veterano da política e defensor histórico dos direitos trabalhistas. Em recente entrevista ao O Globo, ele declarou sobre a possibilidade de cortes em direitos previdenciários e deixou claro: se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optar por essa via, ele não permanecerá no cargo. O contexto é delicado, com a equipe econômica discutindo um pacote de medidas para reduzir gastos públicos. Ainda que o governo não tenha anunciado oficialmente o teor das propostas.
Na manhã desta quinta-feira (7), Lula se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para ajustar os últimos detalhes das propostas que deverão ser encaminhadas ao Congresso. A expectativa é que, em breve, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e um projeto de lei complementar sejam submetidos ao Legislativo, contendo as medidas possíveis para reduzir o déficit fiscal. Lupi, contudo, reitera que não apoia qualquer corte que afete “direitos adquiridos” ou uma política de valorização do salário mínimo, considerada essencial para a dignidade dos trabalhadores e aposentados.
Para Lupi, o foco das reduções de gastos deve estar em “quem tem muito”, mirando os grandes devedores, sonegadores e as isenções fiscais concedidas indiscriminadamente. A lógica do ministro é clara: penalizar os mais vulneráveis e as classes de menor renda com cortes não é compatível com o espírito de um governo progressista. “O salário médio das pessoas é R$ 1.860. Você vai fazer o quê com isso? Tirar direito adquirido? Não conte comigo. Você vai baixar o salário? Não conte comigo. Vou deixar de ter ganho real no salário mínimo? Não conte comigo”, disparou Lupi, em um tom que reflete não apenas sua visão sobre a política de governo, mas seu compromisso pessoal com a justiça social.
A perspectiva de Lupi aponta para uma divisão dentro do governo. Enquanto a Fazenda busca o ajuste fiscal, ela se posiciona em defesa intransigente dos benefícios sociais. Para o ministro, o caminho da Previdência deve ser o combate às irregularidades, e não o corte de direitos. "Estamos fazendo uma economia grande conferindo pessoas que não têm mais direito à licença por doença. Se um cara teve uma doença e se curou, como continua tendo licença?", questiona. O ministro ainda pondera que o auxílio-doença, que representa mais da metade dos pedidos da Previdência, precisa ser revisado de maneira mais criteriosa.
Outro ponto de tensão é a proposta de ajustes no salário mínimo, que Lupi considera inaceitável. “Pessoalmente sou contra, e tenho certeza de que o presidente Lula também”, afirmou o ministro. Para ele, é uma questão de responsabilidade social manter o poder de compra das famílias de baixa renda, algo que, segundo ele, se traduz na própria razão de existir da Previdência.
Enquanto Haddad pontua que as medidas devem levar em conta o impacto político, evitando debates desnecessários, Lupi se mantém inabalável em sua posição. Ele acredita que uma política pública de um governo social precisa ser eficiente, mas nunca às custas dos mais necessários. A divisão entre as pastas evidencia o dilema de um governo que, ao mesmo tempo em que busca equilíbrio fiscal, tem como substituir defensores das camadas mais vulneráveis da sociedade.
Lupi sabe o peso de suas palavras e o impacto de sua postura pública. Em tempos de incertezas e desafios econômicos, ele se apresenta como a voz dos que mais dependem da Previdência. Para ele, a luta não é apenas técnica, mas moral. E ao encerrar sua entrevista com um relato incisivo sobre sua permanência no governo, ele lembra a todos que, para ele, os princípios de justiça social são inegociáveis.
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