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Livro “O Martelo das Bruxas”

Livro “O Martelo das Bruxas”

Pâmela Mello falando sobre o Livro " O Martelo das Bruxas"

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Durante a Idade Média, mais precisamente no Século XIII, foi criada a Santa Inquisição, para condenar e punir pessoas que eram contra os dogmas da Igreja Católica ou que simplesmente professassem outra crença. Em 1231 o Papa Gregório IX, através de uma Bula Papal, orientava a “caçar” pessoas que praticassem heresia. Em 1233 através de uma segunda Bula Papal, institui-se a Santa Inquisição, também conhecido como Período das Trevas. Luz representa o conhecimento que representa liberdade e foram perseguidos, cientistas, pensadores, filósofos, era como se a luz tivesse sendo banida da Terra.
As mulheres tiveram um “protagonismo” como vítimas desse período, através do livro “O Martelo das Bruxas”, as mulheres chegaram a ser vítimas de até 90% das execuções e torturas em alguns lugares. Um Inquisidor Alemão fanático por Bruxas, extremamente radical visitou uma Cidade na Austrália alegando que a mesma estava infestada de bruxas, mas foi convidado a se retirar da Cidade pela Igreja local.
Ele então recorreu ao Papa Inocêncio VIII, que atendeu seu pedido criando uma Bula Papal que permitia perseguir e condenar as mulheres por serem Bruxas, assim se iniciou o processo de escrita do livro “O Martelo das Bruxas”, publicado pela primeira vez em 1487, tornando a caça as mulheres uma verdadeira febre fazendo o livro ser republicado outras 15 vezes, um verdadeiro manual. Era dividido em 3 partes: 1° como rastrear, reconhecer uma bruxa; 2° os malefícios, o que elas poderiam supostamente fazer de mal; 3° como interrogar, julgar e punir.

Esse livro foi a amostra de tudo o que a sociedade sempre fez as mulheres, mas dessa vez com o aval da Religião, “em nome de Deus”. As torturas eram infinitamente mais cruéis do que as já usadas na Inquisição; condenava apenas mulheres com a alegação que somente elas praticavam bruxaria; a perversão sexual, havendo inúmeras formas dessa violência, tornaram esse livro o maior instrumento de tortura de mulheres de toda a história.
Eram consideradas bruxas mulheres que: praticavam cura através de chás ou remédios feitos de ervas, eram alquimistas, dançavam, cantavam, tinham forte conexão com a natureza, eram inteligentes e cultas, que tinham uma bela plantação, eram parteiras e uma criança morria após o parto sem motivo aparente, os maridos eram estéreis, enfim... por serem do sexo feminino... Todas as denunciadas eram torturadas, as que eram inocentadas ficavam com sequelas pra toda a vida, tanto física quanto psicológicas.
As mulheres seguiram sendo perseguidas, subjugadas, marginalizadas, mesmo após a Santa Inquisição, até os dias atuais. Vivemos hoje no período que eu chamo de “Inquisição virtual” linchamentos públicos, tendo a tecnologia como ferramenta, seja porque mostram o próprio corpo, cantam e dançam sua própria sexualidade, se separam de seus cônjuges ou se assumem como protagonista de suas histórias. Sociedade essa que se escandaliza muito mais com a postura de uma mulher quanto ser livre e pensante do que o genocídio em massa pelo negacionismo em meio a uma Pandemia.
Há a necessidade de uma reflexão profunda sobre o quanto ainda precisamos evoluir no processo de liberdade da mulher, é inadmissível que em 2022 ainda tenhamos que lidar com os mesmos contextos opressores de séculos passados, tendo como mudança apenas as ferramentas de aniquilação. Eu me despeço hoje com uma frase que faz um resumo de toda a história do que a mulher representa. “A humanidade sempre teve medo das mulheres que voam, sejam elas bruxas, sejam elas livres.”

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Texto inteligente e muito interessante.