Najara Costa

Doutoranda em humanidades, direitos e outras legitimidades pela USP, mestra em ciências humanas e sociais, socióloga e autora do livro “Quem é Negra/o no Brasil?”, lançado pela Editora Dandara. É também professora e pesquisadora das relações raciais, atuando especialmente na análise e impacto das políticas afirmativas. Como ativista, compõe o debate político antirracista e a luta pelos direitos das mulheres. Foi  a única mulher candidata à prefeita no município de Taboão da Serra - SP, em 2020, entre 9 candidatos, alcançando uma votação expressiva de 8.734 votos, ficando em quarto lugar na disputa. É atualmente pré co-candidata à deputada estadual por São Paulo pelo Movimento Pretas.

Sofro constante violência política nas mais variadas estratégias de silenciamento. Na campanha era inferiorizada entre os outros candidatos, todos homens, por ser uma mulher de esquerda e sem apadrinhamento político. Diziam que eu não teria qualquer expressão e até mesmo que por eu ser professora e acadêmica que eu era qualificada demais para a política. Após a eleição com a expressão de votos que tive e com apoio popular continuei fazendo denúncias sobre a gestão ineficiente do atual prefeito e conivência de vereadores da cidade. Protocolei uma denúncia no MP com a deputada federal Sâmia Bonfim e a Deputada Estadual Mônica Seixas indagando sobre as mortes por falta de leitos de UTI de dezenas de moradores da cidade. Taboão da Serra enfrentou uma verdadeira tragédia humanitária na segunda onda da pandemia. Fui atacada por todos os vereadores da câmara de Taboão da Serra que ficaram quase duas horas falando de mim. A denúncia virou inquérito civil e hoje o prefeito responde por por este processo o que só comprova que é mais do que necessário que façamos o enfrentamento político. Não existe mudança sem nós!

Precisamos de ações afirmativas para tratar da violência de gênero e incluirmos mais mulheres na política. Os partidos precisam garantir a nossa participação com estrutura financeira para que possamos fazer este enfrentamento. As cotas para mulheres e negros na política brasileira precisam ser uma realidade em mandatos e não apenas na concorrência. Que possamos ter cada vez mais mulheres que representem outras mulheres.