Português (Brasil)

Pintou um Clima de Terror

Pintou um Clima de Terror

Quem de nós mulheres conseguiu banir de suas memórias os olhares dos “velhos tarados” em nossa adolescência? No caminho da escola, da padaria ou até mesmo em família, pois todo “velho tarado” é pertencente a uma, mesmo que ela não saiba desse comportamento.

Compartilhe este conteúdo:

Pintou um Clima de Terror

Quem de nós mulheres conseguiu banir de suas memórias os olhares dos “velhos tarados” em nossa adolescência? No caminho da escola, da padaria ou até mesmo em família, pois todo “velho tarado” é pertencente a uma, mesmo que ela não saiba desse comportamento.
Enquanto jogam para a roda das discussões fatos e ignoram pessoas, mais de 30 mil meninas com até 13 anos, foram estupradas no Brasil em 2021, mas sabemos também que a violência sexual é o tipo de violência mais sub notificada que há.
Porque quando uma vítima de estupro decide entregar o bebê, fruto dessa violência para adoção, ela estampa todos os veículos de comunicação sendo cobrada, exposta, enquanto o abusador segue fazendo mais vítimas. Quem irá atrás dele? Quem impedirá que ele viole outras meninas? Quem o irá expor?
Ou ainda quando uma criança de 10 anos também abusada, é cobrada, perseguida, por um aborto abertamente recomendado por médios, por essa gestação ser uma violência para seu corpo e mente. Quem irá perseguir o estuprador? Quem irá por fim a Pedofilia?
Há estudos que dizem que em toda comunidade familiar (não toda casa, mas sim toda abrangência de família) existe ao menos um abusador. Quem é ou são os abusadores da sua família?
Quantas vítimas ele fez, sendo encoberto pelo manto da pessoa mais bondosa e prestativa da família? Quantas de nós carregamos o fardo do sofrimento duplo, entre abuso e negação familiar, como um nó que sufoca a vida.
O debate se faz preciso, mas debate sem ação não reduz números, não é mesmo. Esquecemos entre um estudo e outro que esses números são pessoas e podem ser você ou eu.
A primeira mudança, tem que vir de nós enquanto sociedade, em deixar de tolerar a impunidade do abusador. Seguido pela Instituição que mais cuida de nossos filhos em nossa ausência, a escola, através da educação sexual a criança irá entender o limite do toque, da “brincadeira”, vai aprender desde cedo que o abuso não é somente com contato físico, pois a primeira ação do abusador quase nunca é, mas toda e qualquer fala ou ação que lhe traga desconforto e constrangimento.
Precisamos de um corpo docente preparado para esse acolhimento e profissionais de saúde mental neste universo, com constância. Quantas crianças e adolescentes denunciam após uma palestra e/ou atividade?
O que nos falta é enxergar pessoas como seres e não como fatos e números para fim apenas de debate e post para redes sociais, quanto mais impactante, mais likes e compartilhamentos, mas esquecem, negligenciam, ignoram, que quanto mais impactante, mais doloroso, mais aterrorizante, mais traumático foi para uma PESSOA, como eu e você.

Por: Pâmela Mello 
@pamelamello_oficial

Compartilhe este conteúdo:

  1 Comentário

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo

Nome
E-mail
Localização
Comentário

Carakas, que texto potente e necessário!!! Parabéns Pamela, é um orgulho saber que mulheres como você dão vozes as nossas dores. Sejamos firmes e juntas até o fim mana! Gratidão e te amo