Embate Sobre o Plano Diretor e a Verticalização da Granja Viana
Data de Publicação: 25 de dezembro de 2024 12:07:00
Embate Sobre o Plano Diretor e a Verticalização da Granja Viana
Por Vinicius Mororó
A Granja Viana, tradicional reduto de tranquilidade e área verde em Cotia, encontra-se no centro de um intenso debate que reflete entre progresso urbano e preservação ambiental. Em maio deste ano, o prefeito Rogério Franco sancionou alterações no Plano Diretor do município, permitindo a construção de edifícios de até 25 andares na região. A decisão dividiu a comunidade e provocou manifestações em defesa da identidade histórica e ecológica do bairro.
A Promessa do Desenvolvimento Ordenado
Para a administração municipal, as mudanças no Plano Diretor representam uma oportunidade de fomentar o desenvolvimento econômico e urbanístico de Cotia, alinhando-se às demandas de crescimento populacional e atração de investimentos. Em nota, a prefeitura afirmou que a nova legislação “ordenará o uso e ocupação do solo de forma sustentável, promovendo maior densidade habitacional em áreas estratégicas”.
Além disso, a gestão argumenta que a verticalização poderia trazer benefícios, como a criação de empregos na construção civil, ampliação da arrecadação de impostos e oferta de novas moradias próximas aos corredores de transporte.
O Clamor dos Moradores e Ambientalistas
Os críticos, no entanto, não enxergam as mudanças com o mesmo otimismo. Para muitos moradores da Granja Viana, conhecidos por seu perfil bucólico e pela presença de extensas áreas verdes, a verticalização ameaça a essência do bairro. Protestos organizados por associações de bairro e grupos ambientalistas ganharam força, com faixas e discursos que destacam a necessidade de preservação do equilíbrio ambiental e histórico da região.
“O impacto de prédios tão altos na Granja seria devastador, tanto do ponto de vista ambiental quanto urbanístico. Aumentaremos o tráfego, a demanda por infraestrutura e comprometeremos um dos últimos refúgios de natureza da Grande São Paulo”, afirmou Ana Beatriz Carvalho, arquiteta e integrante do movimento Salve a Granja .
Desafios e Interesses em Conflito
Especialistas apontam que a verticalização traz desafios que vão além das questões ambientais. O aumento da densidade populacional exige investimentos robustos em infraestrutura, como saneamento básico, mobilidade urbana e serviços públicos, áreas que já enfrentam gargalos na região.
Por outro lado, urbanistas desenvolvidos à medida destacam que a verticalização pode ser uma resposta ao adensamento desordenado, desde que acompanhado por planejamento adequado. “É possível conciliar densidade com qualidade de vida, mas é obrigatório ouvir a comunidade e estabelecer diretrizes claras para que a Granja mantenha suas características marcantes”, comentou o professor Eduardo Vasconcellos, especialista em planejamento urbano.
Um Futuro Incerto
Enquanto os dois lados se enfrentam, a Granja Viana parece caminhar para uma transformação significativa. A sanção do Plano Diretor é apenas o início de um processo que deve trazer disputas judiciais, novas propostas e, possivelmente, revisões no modelo de ocupação do solo. O que está em jogo não é apenas uma paisagem urbana, mas também a identidade cultural e ecológica de uma região que há décadas simboliza refúgio e qualidade de vida.
O futuro da Granja Viana está nas mãos de decisões que precisarão equilibrar progresso e preservação, modernidade e memória. E, como em todo debate em que interesses diversos colidem, as respostas definitivas ainda estão por vir.
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